Enviaram me um endereço electronico de uma publicação do padres dos Sagrados Corações que estiveram na entao aldeia do Couço.
De entre eles se destacou o Padre João ainda hoje muito acarinhado pelas pessoas que com ele conviveram.
Aqui transcrevo uma passagem da publicação e que diz respeito à estada desta congregação no Couço.
http://www.sscc.pt/publicacoes/06_Jun_2011.pdf
Outro artigo sobre esta congregação religiosa tambem pode ser encontrado num artigo do Diario de Noticias. Para os interessados aqui fica o endereço http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=657026&page=2
Algo do passado recente **. Henrique Scheepens, ss.cc.
Couço é um concelho no Alentejo,
não longe de Coruche. O pároco
escreveu-nos uma carta a perguntar
se nós éramos a Congregação
dos Sagrados Corações de Jesus e
Maria e da Adoração Perpétua do
Santíssimo Sacramento. Pedia
desculpa pela sua ignorância e
acrescentou: "nem o Espírito Santo
sabe muito bem os nomes das
congregações reigiosas do mundo
inteiro". Quis saber isto porque,
em tempos, a Congregação teve
lá o servço da paróquia à sua
conta e passaram por lá uns
seis padres, pois durante uns
anos essa paróquia acolheu o
noviciado da Congregação. Escreveu
o pároco: Os Padres
Holandeses, como ficaram conhecidos,
tomaram conta das
paróquias do Couço e de S. Justa,
em Outubro de 1961. Pertenciam
à Congregação dos Sagrados
Corações de Jesus e Maria.
Estiveram no Couço um pouco
mais que oito anos (1961 -1970)..
O primeiro assento de baptismo feito
por eles tem a data de 17-10-1961
e o último é de 10-02-1970. No Arquivo
Paroquial não há carta nem
documentos relacionados com eles.
Porquê? Talvez tenham levado quando
saíram do Couço, forçados pela
PIDE. Ainda hoje se fala do P. João
Dekker, e as pessoas recordam
cenas que ficaram gravadas nas
suas memórias: a sua bondade, os
géneros da Caritas, as roupas e os
medicamentos que ele distribuía, a
sua travessia do Sorraia, a nado,
num dia em que a ponte fora submersa,
a sua alegria em casamentos
e baptizados , a preocupação
que manifestava pelos que não tinham
trabalho nem comida, e pelos
que eram presos. Visitavam as
escolas e eram só eles que davam
catequese na igreja. As catequistas
foram dispensadas.... Anotíca
da prisão dos padres soube-se no
Hospital Paroquial do Couço onde
trabalhavam irmãs da Virgem Maria
do Monte Carmelo (espanholas),
pelo telefone. Tudo fora feito em segredo.
O padre Miguel (ou Adriano)
veio celebrar ao Hospital e dissera
que tinham a casa cercada de tropa.
O P. João devia estar na igreja.
O P. Adriano, depois da Missa, foi
aos correios, deu mais umas voltas
e só depois é que foram presos. Aqui
tem, P. Luís, algumas coisas das
muitas que possuo sobre a presença
da vossa Congregação nesta
terra. Um abraço do P. Cordeiro.
P.S. O P. João Dekker tem aqui
uma rua com o nome dele. Foi muito
estimado pelas pessoas simples e
pobres e menos pelas ricas e instaladas.
P. Cordeiro.
Agradecemos ao P. Cordeiro o
seu testemunho. Nós lembrámo-nos
muito bem de tudo isto. O nosso
sofrimento foi grande na altura
mas muito maior o dos dois
expulsos que viram, de um momento
para outro, toda a sua
vida a ser alterada. A PIDE
acompanhou-os até Badajoz.
Daí seguiram para a sua terra.
O P. João Dekker teve muito
medo de voltar depois do 25 de
Abril de 1974 porque nunca
mais conseguiu encarar um
polícia. Passou uns anos em S.
João da Talha e mais tarde na
Penha de França, em Lisboa, onde,
no verão de 1979, se manifestou um
cancro intestinal que o levou, no
mesmo ano, à morte. Seus pais vieram
buscá-lo para morrer na sua
terra natal com a idade de 46 anos.
Acompanhei o João na sua doença
e presidi ao seu funeral em novembro
desse ano. Foi lido, na celebração,
o salmo 126; quando rezo
este salmo ou o ouço ler nas nossas
celebrações hoje, o João está
presente.
malta da terra
interessantes