Ao receber a noticia do falecimento de esta grande conterrania resolvi aqui transcrever um texto do blog REBELDE e que tem testemunhos da Olimpia e relata algum do sofrimento porque passaram estas grandes mulheres do Couço
Na sequência das eleições para a Assembleia Nacional de 1961, e das agitações do ano seguinte foi presa Olímpia Brás a 27 de Abril de 1962.
Nesse mesmo dia a P.I.D.E levaria mais dez homens e uma outra mulher do Couço."... entrei para a carrinha e levaram-me para a outra ponta da aldeia [Couço]. O que eu vi quando ali cheguei era uma autêntica caravana de ciganos: tanto carro, tanto "pide", tanta Guarda, tudo à mistura com gente da aldeia que eles tinham prendido.
Nisto chegou um rapaz [António Caetano] coberto de sangue a quem tinham dado uma grande tareia lá em casa.
Uma criança de oito anos chorava, porque a mãe ia presa (...) Fomos primeiro para Coruche e depois para Caxias. Puseram-me numa sala com mais quatro mulheres do Couço..."Testemunho de Olímpia Brás.
Quando começou a namorar o futuro marido - «Ele deveria ter mais cinco anos do que eu» - descobriu que tinham os mesmos ideais. O casamento aconteceu tinha Olímpia 15 anos e ainda era "nova" quando o marido foi preso, «uns 18, 19 anos!
O meu filho nasceu quando ele estava na cadeia, eu já estava grávida de quatro meses e tive-o com grandes sacrifícios. Desde esse dia fui comunista, sou e serei, e tenho a certeza de que estou certa".Excerto de um texto sobre Olímpia Brás.
Álvaro Cunhal e as Mulheres que tomaram Partido, 2006
Olímpia esteve presa durante seis meses, sem julgamento como era prática corrente, e é libertada após muitas "sessões" de tortura sádica, mesquinha e de uma brutalidade típica de regimes fascistas e repressivos. Como o que vivemos em Portugal com Salazar-Caetano.
Aquelas Mulheres do Couço
"ÁLVARO CUNHAL e AS MULHERES QUE TOMARAM PARTIDO"
Cada uma destas mulheres deu um pouco de si para mostrar o que era a vida da mulher no Partido e num Portugal fechado ao mundo durante grande parte do séc. XX.
A fotografia que fica é nítida, apesar de muitas vezes ter-lhs sido difícil relembrar factos que um dia abalaram a sua vida."No primeiro capítulo do livro "Aquelas Mulheres do Couço" o jornalista escreve: «única terra portuguesa a quem o presidente da Repúblca Jorge Sampaio outorgara a Ordem da Liberdade há seis anos e onde fora entretanto erigido um monumento à "Luta do Povo do Couço", feito de quatro espirais de pedra que se unem no topo, representando cada uma delas mais de 40 anos de prisão e mais de 40 horas de tortura, para que a população pudesse dizer "lutámos para que fosse possível o 25 de Abril"»Este é um livro com vários retratos de Mulheres, que viveram as lutas e sobreviveram a uma ditadura feroz , elaborado através de um trabalho minucioso de entrevistas e recolhas.
Do Couço constam:Ortelinda.Olímpia.Maria.Narcisa.