O que me passa pelos olhos…
Como não podia deixar de ser, no início dos meus desabafos, tenho que vos deixar algumas dicas de como eu penso, de como eu sou…
Nasci no Couço e fui criado por cá no meio de grandes movimentações, de rostos irradiados pela alegria de serem donos do seu trabalho. Cresci a ver o pão aumentar na mesa. Mas como todo o pão que muito fermenta, também o vi a diminuir na casa de uma boa parte da vizinhança.
Na volta das minhas saídas fui verificando a luz a esbater nos rostos, outrora sorridentes, de um 25 de Abril. A alegria foi-se e os rostos tornaram-se fechados. Mas também vi, e vejo, pavões com os seus rabos altivos que embora mudem de pena e percam o “pio”, várias vezes na vida, andam sempre de rabo armado.
Encontrei também uma classe que mal se via, uma que agora recuperou da quase extinção, as raposas. Elas comem o rabalhudo pavão e os pequenos pardais.
Cresci com a onda gigante de 74,75 que a todos levou e, assisti ao inevitável recuo das águas.
A onda comunista foi apoiada em algumas caras um pouco mais informadas, algumas mesmo martirizadas e que, muitas vezes arriscando as suas vidas e a das suas famílias, uniram estas gentes. Infelizmente hoje verifica-se a falsidade do comunismo no Couço. Falta o amor á camisola. Penso que essa falta de bairrismo advêm da incultura da geração anterior pois, ela deixou se ir na onda. Como se sabe a melhor forma de matar um esfomeado é encher-lhe a barriga e, a todo aquele a que se dá comer sem o ensinar a cultivar este, está sempre dependente de terceiros.
Pois é, a nova geração cresceu apoiada no heroísmo dos seus avós e pensa que isso basta para construir um futuro. Socorrem-se de uma condecoração nacional, que foi merecida, mas que nos obriga a trabalhar para a continuar a merecer. Não podemos ser reféns do passado, temos que ser os heróis do nosso tempo.
Como podem ver tenho algumas ideias … mas não se equivoquem!!! EU SOU DE ESQUERDA. Só que a minha esquerda é mais solidária, mais comunitária e mais livre. É uma esquerda em que o homem pensa, argumenta, critica. É uma esquerda em que comunidade vem em primeiro plano e não as ordens de um partido. Uma esquerda em que o seu hino não se apoia na internacional mas na liberdade de pensamento, de acção, de religião e não nas palavras castradoras que se proferem por poucos, querendo tornar os outros mudos.
O partido que reina...?!, no Couço e que se diz de liberdade e comunitário, não pode ser tão redutor, tão restritivo e muito pouco comunitário. Certamente que são as pessoas que fazem das associações aquilo que elas são, mas somos nós que as elegemos.
Neste blog pretendo lançar ideias, as minhas! Não digo que são as certas mas, espero que levem as pessoas a reflectir. Não sou contra o poder instalado mas desejo vê-lo a fazer aquilo para que foi eleito, SERVIR A COMUNIDADE.
malta da terra
interessantes