Circula por estas bandas um abaixo-assinado a pedir a não recolocação de uma determinada estátua, de um certo Ministro do antigo regime, até aí tudo bem.
É certo, e sabido, que o 25 de Abril é sobretudo (não foi, É) uma garantia da Liberdade, da Democracia e dos Direitos mais essenciais á condição humana.
Um abaixo-assinado como este tem todo o sentido. É uma forma democrática de manifestar aos órgãos de poder o nosso lado da questão. Parece-me, no entanto, que ao invocar os direitos democráticos e, a luta por estes direitos, para justificar a não recolocação da estátua estamos a entrar num caminho um tanto esquisito, a meu ver.
A democracia é o poder do povo, por isso votamos e os que têm mais votos dirigem o todo, durante um determinado período de tempo. Se são tomadas decisões com as quais não concordamos podemos manifestar, com regras democráticas, a nossa posição e, mais tarde com o voto. Não nos podemos esquecer de que quem toma decisões está democraticamente habilitado a faze-lo.
Saber viver em democracia é saber “morrer”. É saber aceitar que em determinado momento pode existir um grupo de pessoas, mais numeroso, que não pensa como nós e, por isso, vingam as ideias deles.
A pior doença da democracia é um povo mal formado, capaz das decisões mais absurdas. Onde, por exemplo, se vai atrás de quem é bonito, mas vazio, ou então de quem fala bem, mas não diz nada.
Para mim a democracia é uma figura geométrica com vários lados, o nosso e o dos outros. Essa figura geométrica, a sociedade democrática, só existe se todos os lados dessa figura estiverem unidos e o que os une é a LIBERDADE.
Sabes? A minha liberdade acaba onde a tua começa, e a tua? Acaba onde?
Devemos associar-nos a este abaixo-assinado se estamos contra o merecimento da imortalização do referido Senhor, não com medo do passado. As coisas só têm o valor que lhes damos.
malta da terra
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