Bem sei que me tenho portado mal e não tenho publicado nada nestes últimos dias. Espero que me desculpem mas, o tempo não é como nós queremos, ele não pára!!
Estamos num tempo incerto, com um Carnaval antecipado. Um Carnaval na ressaca do Natal que quase passa despercebido não fosse uns bailaricos, meia dúzia de mascarados, as crianças das escolas e uns foguetes que nos avisam que algo se passa.
É altura de queimar os ramos do ano passado, impor e lançar as cinzas aos campos e esperar que a Primavera cumpra o seu ritual de renascimento e, com isso despertar o que de melhor a natureza nos pode dar. Ritual este que os Cristãos foram buscar à Páscoa judaica e que festejava o inicio da primavera com o envio dos seus rebanhos para novas pastagens. Temos assim, de uma forma mais mundana, a quarta-feira de cinzas onde enterramos o Entrudo “matando” o que está velho.
Católicos ou não pode se dizer que é um tempo para “ lavar a Alma”, libertarmo-nos dos ramos velhos, tirar o peso a mais e desabrochar de novo.
Torna-se deveras interessante verificar que, por muito que nos digamos modernos, continuamos a festejar a vida ao sabor da natureza tal como o faziam os nossos antepassados. Os rituais judaico-cristãos que, para o mal ou para o bem, estão na base da nossa sociedade continuam ainda hoje a orientar muitos dos nossos passos. Estou a lembrar-me, por exemplo, dos meios-dias santos. Cristãos ou não no Couço, por norma, evita-se a carne no jantar de quinta-feira santa e no almoço de sexta-feira santa. No passado, assim como hoje, em muitas casas come-se tubras com arroz. Mais um prato delicioso das gentes da nossa charneca, um autêntico pitéu.
É destas condicionantes que nascem alguns dos pratos mais característicos e mais marcantes da cozinha de uma região, aproveitando o que de melhor a terra dá.
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